Resenha: "Cowabunga! Desventuras de um ex-surfista"

Título Original: Cowabunga! Desventuras de um ex-surfista

Gênero: Ficção brasileira
Autor: Ana Paula Seixlack
Ano: 2014
Editora: Benvirá

Compre o seu aqui.

Nota pessoal: 3/5 

Citação favorita: "Zimbo era um galo velho quando jovem. Nunca fugiu de um desafio. Pegou tanta onda, que era quase impossível conceber a ideia de que nunca mais faria isso outra vez. Tantas manhãs e tardes ensolaradas, viagens em busca das melhores dropadas, garotas... Tudo era, agora, uma vaga lembrança. Às vezes, nem parecia que aquilo havia sido real."
Personagem Favorito: Obviamente, Zimbo. Essa é uma verdadeira relação de amor/ódio. Zimbo tem lá seus defeitos, mas quem não os tem? Apesar de ser garanhão, arrogante e ter um quê de esnobe, Zimbo é um cara cheio de vida. Divertido, inteligente e persistente, ele acaba nos conquistando. E caramba, quem não gosta de um belo surfista? haha!

Crítica:

Muito surf, sol, praia e azaração esperam você neste livro. Viaje sobre as lindas praias catarinenses, conheça alguns nativos do Avaí e descubra que a vida em cima de um "Cowabunga" pode ser muito mais divertida!

Preparados para viagem? Ao ler "Cowabunga! Desventuras de um ex-surfista" você vai conhecer o que há de melhor em Santa Catarina, pegar altas ondas e aprender a se comportar como um verdadeiro surfista! Ler este livro foi uma experiência completamente nova para mim. Como assim? Já vou explicar pra vocês. Quem acompanha o blog e mais precisamente as resenhas que já fizemos aqui, deve ter percebido que não há muitos livros nacionais resenhados, certo? Bem, não sei exatamente o motivo para isso, mas é bem incomum ter livros nacionais em minha lista de leituras. Este ano, ainda não havia lido nenhum, isso até... surgir "Cowabunga". E não poderia ter escolhido um livro mais apropriado!

Pense em um livro que tem a cara do verão. Um livro leve, que te faz pensar em uma vida simples, mas boa, onde o mar é logo ali, do lado e ao mesmo tempo, pensar em uma história de superação. Pensou? Bem, você provavelmente pensou em "Cowabunga! Desventuras de um ex-surfista". 

O livro nos apresenta a história de Ricardo Avelar, mas conhecido como Zimbo. Zimbo é um um ex-surfista acostumado com a vitória. Ganhou de tudo: Troféus, viagens, sucesso e garotas. Entretanto, Zimbo teve sua carreira interrompida por um grande e trágico acidente, que tirou dele aquilo que mais amava: As ondas. Após o acidente que quase o matou, Zimbo nunca mais foi o mesmo. Todo aquele passado de surf, glórias e conquistas ficou para trás, pois essa experiência de quase-morte o deixou consequências e um grande trauma. Zimbo não consegue mais entrar no mar. 

Todos os dias pela manhã após acordar, Zimbo toma seu café da manhã, se arruma e pega sua "Cowabunga"(grito de guerra bradado por surfistas e nome com o qual batiza suas pranchas de surf). O destino? A praia. Todas as manhãs, Ricardo caminha até a praia, onde fica sentado, admirando o mar, observando os surfistas, e pensando em como gostaria de estar ali, de como pertencia ao mar e o mar a ele. Observava que aquela geração de nada sabia sobre o surf. Jamais saberiam.

"- O que essa geração entende? O máximo que essa turma deve saber é surfar pela internet."

Em meios a tantos pensamentos, Zimbo se perde no tempo, confundindo presente e passado, ambos misturados em um só. Ao olhar o mar, relembra seus maiores dias de glória, retornando aos anos 60, como quando foi a uma competição no Avaí, ou quando foi capa de uma revista de surf muito bem conceituada. Zimbo viaja em seus pensamentos, e se vê desejando que esses dias voltassem, que ele pudesse ser aquele que era antigamente.

"Compartilhava do mesmo sentimento que eles em relação ao tempo, seu maior tesouro e sua pior ruína. O único capaz de curar as cicatrizes internas do trágico outubro de 1969."

Zimbo tem seus muitos momentos nostálgicos, é verdade, mas não pense você que apenas de passado seja a vida dele. Por mais que o seu passado tenha uma forte presença em seu presente, Ricardo tem uma vida. Namorando Letícia, uma jovem muito bonita que teria idade para ser sua filha, Zimbo divide com ela um apartamento em frente a praia. O relacionamento dos dois é complicado, porque além da questão idade, a diferença de personalidades é enorme e evidente. Ele, que quer sossego, que viveu em outra época, onde as coisas eram muito diferentes. Ela, uma jovem, universitária, que quer curtir a vida em baladas com os amigos. Dois mundo completamente diferentes, mas que coexistem em um apartamento.

Não pense você que Zimbo fica para trás em relação a Letícia. Zimbo sabe que por mais idade que tenha, não aparenta, e sabe como é bonito. E como. Ele habitualmente usa deste artifício para conquistar as mulheres por onde quer que passe. Ricardo Avelar é um verdadeiro conquistador, e usa de todas as armas que tem para atrair belas mulheres. Zimbo é um homem que já caminha para a 3° idade, mas que mantém seu espírito jovem, se comporta como um e se recusa a realmente envelhecer. Obstinado, ele não desiste do que realmente quer: Pegar uma última onda, a onda perfeita. Pra isso, tem que encarar seus próprios fantasmas e medos. É verdade que já pensou em desistir, e por mais que tente, não consegue. É como se ele precisasse, como se ele devesse isso a si mesmo. Será que Zimbo conseguiu o que tanto desejava?

O livro, além de ser leve é muito bem feito, a começar pela capa, que é linda, e tem tudo a ver com a história em si. A diagramação, enredo e história tem tudo para conquistar mais e mais espaço no mercado brasileiro. Ana Paula Seixlack acertou em cheio ao nos apresentar as gírias usadas pelos surfistas de forma tão íntima, pois foi uma forma de aproximar o leitor deste universo desconhecido para muitos. Aliás, será que ela é surfista? haha. Outro ponto interessante é o passeio que fazemos por Santa Catarina, por suas praias e lugares turísticos. É como se realmente estivéssemos lá, e pra mim, que sou do Rio de Janeiro e nunca estive lá, foi ótimo. 

Você pode conhecer um pouco mais sobre a leitura do livro na coluna "Li até a página 100 e..." aqui

Pegue sua parafina, sua prancha e embarque nesta onda! Cowabunga!