Resenha: Um Dia [Especial Bienal do Livro 2015]
Título Original: One Day
Gênero: Romance
Autor: David Nicholls
Ano: 2009
Editora: Intrínseca
Nota pessoal: 4/5
Citação favorita: "Acho que você tem medo de ser feliz Emma. Parece que pensa que o caminho natural das coisas na sua vida é ser triste, sombria e macambúzia, e odiar seu emprego, odiar o lugar onde mora e não ter sucesso nem dinheiro, e Deus a livre de um namorado. Na verdade vou mais longe: acho que você gosta de se sentir frustrada e ter menos do que queria ter, porque isso é mais fácil, não é? O fracasso e a infelicidade são mais fáceis, porque você pode fazer piada com isso.[...] Você é linda, sua velha rabugenta, e se eu pudesse te dar um só presente para o resto da sua vida, seria este. Confiança.".
Personagem Favorito: Emma Morley. É impossível eu não me enxergar nela em grande parte da história. Somos extremamente parecidas, mesmo, e isso é ao mesmo tempo assustador e interessante. Além disso, Emma é uma mulher idealista, cheia de sonhos e expectativas de que de alguma maneira, ela é capaz de construir um mundo melhor, e isso é encantador, e tem um ótimo senso de humor.
Crítica:
Uma noite. Dois jovens recém formados. Muitos planos pela frente. Um único dia. Em e Dex, Dex e Em. Uma improvável história de amor...
Que atire a primeira pedra aquele que não gosta de um belo romance...
"Um dia" foi o segundo livro do gênero que eu li esse ano. Digamos que eu estava em uma fase bem sentimental e aproveitei o momento. É claro, já conhecia o livro à algum tempo, embora não fizesse ideia da história, mas só decidi mesmo lê-lo após ver o filme. Não me julguem! haha. Não costumo fazer isso, mesmo. A ordem é: ler o livro e depois ver o filme, sempre. Mas quis o universo e por pura culpa da NetFlix que eu assistisse ao filme antes, e pela primeira vez na vida, não me arrependo disso. Que filme ótimo! Triste, é verdade, mas ótimo. Daí, resolvi que já estava mais do que na hora de ler o livro, que ganhei a algum tempo atrás, em meu aniversário de 2013. (Lembrem da frase "Não me julguem" agora, ok?). E depois de ter sido tão bem recomendado pela minha amiga e blogueira do Epílogos & Prólogos, Nathália, vi que o momento era esse. Assim, fui até a prateleira, peguei-o em mãos, tirei a poeira (metaforicamente falando, já que meus livros são muito bem cuidados!haha) e resolvi me transportar para Inglaterra, afim de conhecer melhor a história de Emma Morley e Dexter Mayhew . E quem diria, esses dois conseguiram me surpreender...
Em e Dex são dois jovens no início da casa dos 20, que acabaram de se formar na faculdade. Os dois, embora tivessem amigos em comum e frequentado algumas aulas juntos, até a noite após a formatura, nunca haviam se falado. Dexter é o típico britânico que podemos classificar de "boêmio". De família afortunada, lindo e popular, Dex seduz a tudo e todos ao seu redor, e sabe disso. Não recusa uma boa festa, mulheres bonitas e uma champanhe. Emma é uma adoradora de livros. Adora escrever e seu sonho é tornar-se uma grande escritora. Um de seus grandes desejos é mudar o mundo. Sim, ela acredita que isso é possível e há daquele que a contrariar. Dois jovens de dois mundos diferentes que depois de uma noite de festa, algumas (muitas) bebidas e com o juízo deixado do lado de fora, se veem numa cama de um pequeno quarto alugado de Emma, numa cama já desgastada. Entre abraços e beijos, bêbados, conversando sobre eles, descobrindo um sobre o outro e pensando se em algum lugar no futuro, seus caminhos iriam se reencontrar. O dia era 15 de Julho. Mal sabiam eles que essa data marcaria suas vidas para sempre.
A história do livro é toda passada no dia 15 de Julho de cada ano, começando em 1988 indo até 2007. Ao longo do livro vamos acompanhando os anos que vão se passando na vida de Emma e Dexter. Seus sonhos, projetos, estilos de vida e tudo mais. Mas é claro, a vida não é um conto de fadas, então muita coisa não sai exatamente como eles esperavam que seria. Confusões, sonhos frustados, planos que dão errado são partes reais da vida adulta que agora Dex e Em tem que levar.
Embora os caminhos que eles levem sejam diferentes, os dois ainda encontram maneiras de estarem juntos, mesmo que longes. A amizade, que para muitos e para eles mesmos que seria improvável, acaba se enraizando, e em certos momentos, faz com que eles se questionem se não poderia ser algo mais. Mas Dexter é jovem, bonito, com dinheiro e pode ter a mulher que quiser, e afinal, Emma é boa demais para ele e é só isso, uma boa amiga. Já Emma, que trabalha num restaurante de comida mexicana, está ocupada demais reclamando da vida frustrante que leva, num trabalho que odeia e num pequeno apartamento que ela definitivamente não é fã, perguntando-se quando ela vai realmente começar a viver. O que ambos não sabem é que se pode passar uma vida inteira procurando algo que esteve o tempo todo do seu lado...
Mais aí os anos foram passando, e muita coisa foi mudando, inclusive Emma e Dexter. E você sabe, mudanças são sempre difíceis, e nem sempre estamos preparados para elas. O que antes parecia uma rachadura que os separava, em certo ponto da história, mais parece uma cratera. Mas o que é para acontecer, acontece, e Em e Dex sabem bem disso. O destino, que um dia os fez se encontrarem, se conhecerem e se tornarem uma parte da vida do outro, mais uma vez assume as rédeas desse épico romance...
"Um Dia" foi um dos livros que mais mexeram comigo, em todos os tempos. Isso se deve à muitos motivos: Ao nível de realidade da história (ela bem poderia ser minha, ou sua.), ao contexto e o ambiente em que ela é retratada ou à maneira como ela é escrita, destacando cada sentimento e pensamento dos protagonistas. Entretanto, se eu tivesse que destacar apenas um motivo, seria o fato deu me enxergar completamente em Emma Morley. Não, eu não pretendo me tornar uma grande escritora um dia (mas quem sabe?rs). Digo isso no sentido da personalidade, nos medos, sonhos, pensamentos e algumas outras características. As vezes tenho a tendência de ser pessimista, de não arriscar por medo de falhar, e essa é uma característica de Emma. É mais fácil estar como está, mais confortável, do que arriscar, as vezes tudo, por aquilo que você realmente quer. E quer saber? Se tem uma coisa que essa história me ensinou é que as vezes é preciso arriscar. Sim, arriscar e apostar alto, por um objetivo muito maior. Pode ser doloroso, pode ser que não dê certo e existe mais uma infinidades de "pode ser". Mas já pensou que pode dar certo? A história de Ema e Dex é inspiradora e seus erros e acertos servem de lição para nós, leitores. Essa foi uma, entre todas as outras que eu poderia destacar. Dedicação, coragem, persistência, amizade, superação e amor. David Nicholls foi fundo em cada um desses quesitos e é incrível a maestria com que faz isso. Foi uma experiência incrível ler "Um Dia" e espero em breve ler mais obras dele!
A adaptação para as telonas, adaptada pelo próprio autor do livro em 2011, é sem dúvida muito fiel a obra. Quem poderia ser melhor roteirista se não o próprio Nicholls? Estrelado por Anne Hathaway (Emma Morley) e Jim Sturgess (Dexter Mayhew), o filme é encantador e muito bem produzido.
"Um Dia" é isto: Verdade. A vida como é. Num momento você está em baixo e não há esperanças, no outro, tem a vista de cima e tudo parece certo, no seu devido lugar. E o que é a vida se não isto, uma verdadeira montanha russa, com seus altos e baixos.
Curiosidades:
Formado em literatura e teatro inglês, optou pela carreira de ator e recebeu uma bolsa na American Musical and Dramatic Academy de Nova York. De volta a Londres, atuou em espetáculos teatrais no Battersea Arts Centre, The Finborough, West yorkshire Playhouse e Birmingham Repertory Theatre. Entre uma peça e outra, em Londres, Nicholls trabalhava como vendedor na rede de livrarias Waterstone's, em Notting Hill. Após trabalhos freelance, conseguiu emprego como leitor de peças e pesquisador da BBC Radio Drama, o que o levou á edição de roteiros na London Week Television e na Tiger Aspect Productions. Nessa época, começou a escrever e adaptou a peça de Sam Shepard, Simpatico, que se tornou um filme estrelado por Sharon Stone e Nick Nolte, em 1999. Ao longo de sua notável carreira de roteirista, recebeu duas indicações ao BAFTA. Além de Um dia, publicou romances como "Resposta certa", "O substituto" e "Uma questão de atração" .
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