Título Original: Birdy Box
Gênero: Thriller/Terror
Autor: Josh Malerman
Ano: 2014
Editora: Intrínseca
Nota pessoal: 5/5
Citação favorita: "Como pode esperar que seus filhos sonhem em chegar as estrelas se não podem erguer a cabeça e olhar para elas."
Personagem Favorito: Esse é o típico livro onde você fica dividido quanto ao seu personagem mais amado. Não sei se pelo caminhar da narrativa, mas me vi próxima de pelo menos quatro personagens distintos. Destes, dois se destacam. Malorie é uma mulher admirável por diversos motivos. Forte, determinada, sobrevivente. E tem Tom. Ah, Tom... como não amá-lo? Então, não, não vou decidir entre eles dois. Sim, ambos são meus favoritos.
Crítica:
NÃO ABRA OS OLHOS. JAMAIS. Quando o mundo ao redor parece estar ruindo e enxergar pode ser algo fatal, você precisa mais do que nunca focar suas energias em um único objetivo: Sobreviver.
Chega uma certa etapa da vida em que nós chegamos a conclusão de que nada mais pode nos surpreender. Sentimos que já vimos de tudo, sabemos disso. Mas, ainda assim, a vida sempre encontra alguma maneira de provar o contrário. No mundo da literatura, as coisas são bem parecidas. Já li muitos livros, já "vivi" muitas histórias, já transitei por diversos estilos literários... mas nada, completamente nada pode se comparar a experiência que foi ler "Caixa de Pássaros". Que surpresa! Que sensação ótima de primeira vez! E o mais incrível é que eu, leitora já há alguns muitos anos, ainda viva "primeiras vezes" na literatura. E são exatamente essas surpresas agradáveis da vida, e da leitura, que fazem essas experiências valerem um pouco mais a pena.
Quando o assunto é leitura, me considero uma pessoa completamente eclética. Leio de tudo: romances, new adults, fantasia, drama, young adult, ficção científica... Mas terror, bem, nesse estilo literário confesso, não tenho tanta experiência assim.
Cheguei até o livro através da "Turnê da Intrínseca", que aliás, foi um dos melhores eventos que já fui e que foi de uma grande importância. Através dele, conheci diversos livros da editora que seriam lançados neste ano e logo alguns me chamaram a atenção, com "Caixa de Pássaros" encabeçando a lista. O que foi uma grande surpresa. Um livro de Terror? Sério, Tatiane? Mas o que de proveitoso você pode tirar dessa história? Acredite, mas do que eu (imaginava) e você pensamos. Foi amor a primeira vista ou seria "terror"? Só sei que este foi o primeiro livro de terror que eu simplesmente PRECISAVA ler. As vezes, nós escolhemos as histórias que vamos ler, em outras, elas nos escolhem. Seja como for, acredito que ambas as ocasiões nunca são por acaso...
O livro tem um cenário um tanto quanto apocalíptico. Na verdade, completamente. Pré e principalmente pós. Uma onda de acontecimentos bizarros vem ocorrendo pelo mundo, em lugares distantes, distintos. Jornais, programas de tv, em qualquer que seja o meio de comunicação, as notícias começam a se espalhar quando os eventos começam a ocorrer com certa frequência. Tudo o que se sabe é que algo acontece, e então as pessoas simplesmente enlouquecem, cometem atrocidades com outros e consigo mesmas. O resultado final? O suicídio. Ninguém sabe como ou o porquê disso acontecer. Tudo o que se sabe é que a pessoa vê alguma coisa, e então, está perdida. Tudo isso, no entanto, parece algo bem distante da realidade de Malorie. Até que o primeiro caso nos Estados Unidos, mas precisamente no Alasca, acontece.
” Acabei de ouvir que a única coisa em comum em todos os incidentes é que as vitimas viram alguma coisa antes de atacar as pessoas e de se matar. Dá pra acreditar nisso? Dá?”
Malorie e sua irmã, Shannon, vivem num pequeno apartamento alugado, não decorado por nenhuma das duas. Têm uma vida normal, simples. As duas dividem muitas coisas além da casa, são muito amigas. E quando as notícias dos estranhos acontecimentos começam a se espalhar, ambas temem por suas vidas, e mais do que isso, pela vida do bebê. Malorie descobre estar grávida. A notícia não poderia ser pior e mais inapropriada. O que elas vão fazer? Ao menos Malorie tem sua irmã ao lado, e sabe que pode ligar a qualquer momento para seus pais... Mas, até quando?
Primeiro, as pessoas começam a estocar alimentos. Logo, começam a sair de casa com menos frequência. Fecham-se janelas e portas com cortinas, cobertores, madeira ou qualquer coisa que sirva. Quando tudo isso não é mais o suficiente, vendam-se os olhos. Enxergar é perigoso demais. Ninguém quer arriscar. Sair de casa é praticamente um suicídio. Se para viver é preciso abdicar do privilégio da visão, do direito de ir e vir, então que assim seja. E dessa maneira, as luzes do mundo se apagam. As paisagens, o céu, o sol, as cores, a vida. Tudo, imerso na mais plena e aterrorizante escuridão. O único lugar seguro é dentro de sua própria mente, isso, é claro, desde que você mantenha seus olhos sempre fechados.
No presente, quase 5 anos a frente, Malorie, sente falta de Tom, dos outros e de toda aquela segurança, mesmo que tão finita, que tinha. A quatro anos atrás, pessoas até então desconhecidas uniram-se com um objetivo em comum: sobreviver. Todos queriam resistir, de alguma forma, a todo esse caos já instaurado, em busca de um pouco de normalidade em uma realidade tão loucamente cruel. Contudo, quando os suprimentos começam a faltar, eles precisam encarar um novo desafio: o mundo exterior. Precisam sair da casa em busca de alimento, precisam se arriscar. Mas não será esse o início do fim, a assinatura em seus atestados de óbito?
” Ele encontra outra casa e espera passar a noite nela. Se as janelas estiverem protegidas, se uma busca lhes der confiança e se não forem recepcionados pelo cheiro da morte.”
Depois de passar por momentos difíceis nos últimos anos, Malorie sente que chegou o momento, a hora pela qual tem esperado a tanto tempo. Agora abrigada com as duas crianças, seus filhos, em uma casa abandonada à beira do rio Michigan, ela vê num barco preso a encosta do rio, achado de maneira inesperada enquanto caminhava, vendada, por ali, a única saída. Precisa ter coragem, precisa raciocinar sem a cortina de medo em sua mente, precisa que a garota e o menino, mais do que nunca, escutem, ouçam. A audição deles é a chave. Sem ela, os três estão perdidos, condenados a morte. Mas como fugir se não se sabe do que se está fugindo? "A coisa" pode ser qualquer coisa, pode estar em qualquer lugar. Num mundo onde a loucura está instaurada, como manter-se são? Essa pode ser a viagem mais longa de suas vidas, onde qualquer simples barulho, pode mudar tudo, e o destino final, o tão sonhado abrigo seguro, pode nunca ser alcançado. Ouvir, é tudo o que eles precisam. E no momento certo, Malorie sabe, precisará fazer aquilo que mais teme: Abrir seus olhos.
Sabe quando você descobre algo incrível e você sente que precisa compartilhar isso com os outros, com o mundo? Assim me sinto em relação a "Caixa de Pássaros". Não me lembro de ter ficado tão empolgada, curiosa e aterrorizada (de uma maneira boa) com qualquer outro livro antes na vida. A leitura é frenética. Quanto mais você lê, mais quer. Você sente todos os sentimentos possíveis ao mesmo tempo. Angústia, felicidade, medo, alívio. Sentimentos antagônicos misturam-se em uma coisa só. Nunca pensei que um livro como esse poderia fazer isso. Nunca imaginei que tantas lições interessantes poderiam ser tiradas de um livro de terror. Ah a vida... sempre nos surpreendendo. Josh escreve de forma voraz. Nos prende à história a cada frase terminada, a cada ponto encerrando um parágrafo, a cada capítulo que chega ao fim respondendo algumas questões e colocando em sua mente dezenas de ouras. E o contexto? Nunca vi nada igual! Se eu tivesse que definir toda a história em uma única palavra, seria originalidade. 10 para Malerman! Monotonia é algo que não existe neste livro. Todo o suspense é simplesmente demais! A capa, como podem ver, é maravilhosa e dá o toque final que um livro como esse precisa. O jogo de luzes, as cores escolhidas, tudo colabora para aumentar o clima de terror.
"Caixa de Pássaros" é definitivamente um livro que veio para ficar e marcar o seu nome no cenário dos livros de terror/suspense e conquistar seu próprio lugar em meio a dezenas de livros de thriller psicológico. Se o terror sempre foi conhecido por assustar as pessoas, Josh Malerman vai na contramão, vai além, ao não só nos assustar, mas conquistar.
Prepare-se para viver uma grande experiência com "Caixa de Pássaros" e lembre-se: Se o medo é algo que te puxa para baixo, esteja preparado para usa-lo como aquilo que te leva para cima.
Curiosidades:
Josh Malerman é um autor americano e o vocalista da banda de rock The High Strung. Atualmente vive em Ferndale, Michigan. Malerman primeiro começou a escrever ainda na quinta série, onde ele começou a escrever sobre um cão que viaja no espaço. Desde então, ele já escreveu vários romances inéditos e seu romance de estréia "Caixa de Pássaros" foi publicado no Reino Unido e nos Estados Unidos em 2014 para muito aclamado pela crítica.
Adorei a resenha <3
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