25 janeiro 2014

Resenha: "O Menino do Pijama Listrado"

Título Original: The boy in the strioed pyjamas: a fable
Gênero: Romance
Autor: John Boyne
Ano: 2006
Editora: Cia das Letras

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Nota pessoal: 5/5  

Citação favorita: " Você é meu melhor amigo, Shmuel. Meu melhor amigo para a vida toda".

Personagem Favorito: Esse é um daqueles livros em que é muito difícil escolher um único personagem favorito, mas aí vai o meu: Shmuel. Embora tenha uma realidade tão triste e sofrida, ele ainda encontra alegria em coisas tão simples, como eu poder ter um amigo. A realidade de Shmuel é cruel, mas mesmo assim ele preserva sua inocência e sua esperança de uma realidade melhor.


Crítica:  

A dor de toda uma raça, a esperança de um povo, a amizade de dois meninos que deveriam se odiar...

Eis a minha última leitura de 2013 e primeira leitura de 2014. Não poderia encerrar o ano passado e começar este ano de maneira melhor. Existem livros que são ícones da literatura mundial. "O menino do pijama listrado" é um desses. Sucesso em todo o mundo e aclamado pela crítica, esta obra fala por si só. A muito tempo já ouvia falar sobre este livro, sobre o que ele aborda e o quanto ele é especial, embora profundamente triste. Eu, particularmente tenho tendência a amar livros considerados "tristes". Acredito que o motivo pra isso é simples: Esse tipo de leitura sempre tem algo imprescindível a te ensinar. Este não foge a regra, até agora não me enganei. Chocante, triste e emocionante, esta história me tocou de maneira que poucas já conseguiram. Esta é uma daquelas histórias que você, nem que vivesse mil vidas, jamais esqueceria.

"Um livro tão simples e tão bem escrito que beira a perfeição"

O livro nos conta a história de Bruno, um menino de 9 anos que ao mudar-se com sua família para uma nova casa, vê sua vida mudar para sempre. A história tem como cenário a Alemanha Nazista do início do século xx, comandada com mãos de ferro por Adolf Hitler. 

Bruno e sua família sempre moraram em uma bela casa situada em Berlim, e sempre se orgulhou disto. Como um menino tão novo, Bruno, embora seja inteligente, não sabe muito sobre o que acontece ao seu redor ou sobre a vida, sabe apenas de algumas coisas: Que sua irmã mais velha, Gretel, é "um caso perdido", que ele tem três melhores amigos pra vida toda, que seu pai tem um emprego muito importante e que "O Fúria" tem grandes planos para ele. Justamente por isso, Bruno vê sua vida mudar quando seu pai é transferido de Berlim para o que todos chamam de "Haja Vista".



Ao chegar em "Haja Vista", Bruno percebe que sua vida não será como antes. Anteriormente morando em uma bela cidade, cheia de vida, Bruno agora depara-se com um lugar estranhamente triste e... vazio. Nada de pessoas andando pelas ruas, nada de crianças brincando, nada de bancas de legumes nas calçadas. Nada. Tudo o que existe são soldados andando para lá e para cá, um pequeno jardim ao lado da casa e uma cerca, uma cerca que o separa do outro lado. A atual realidade choca não somente a ele, mas como a sua irmã e mãe, que lutam para se acostumar com isto.

Bruno sente falta de tudo o que deixou para trás, de cada parte de Berlim, de seus amigos e de sua antiga vida. Ele odeia "Haja Vista", um lugar triste e vazio. Um dia em seu quarto, bruno resolve olhar pela janela, para a vista a sua frente e depara-se com algo improvável: dezenas, centenas de pessoas - crianças, homens e velhos - vestidos todos da mesma forma, de pijamas listrados. Bruno não intende quem são aquelas pessoas ou o que elas estão fazendo ali, do outro lado da cerca.

"Quem são eles?", perguntou Gretel, tão boquiaberta quanto o irmão costumava ficar.
"Que tipo de lugar é este?"
"Não sei bem ao certo", disse Bruno, mantendo-se o mais fiel possível à verdade. "Só sei que não é tão gostoso quanto a nossa casa".

Sem ter com quem brincar ou conversar e cansado de sua vida sem emoções em "Haja Vista", Bruno resolve fazer aquilo que mais gosta: Explorar. Assim, sem que ninguém perceba, ele sai de casa e caminha em direção a cerca. Caminhado por um longo tempo, Bruno percebe que talvez "Haja Vista" seja um lugar tão terrivelmente vazio, que não exista nada que possa ser encontrado. Isto até que ele encontra algo. Nada verdade não é algo e sim alguém. Shmuel, um menino que estava sentando no chão, de pernas cruzadas e cabeça baixa, do outro lado da cerca. Ao avista-lo, choca-se com sua aparência tão frágil e triste, mas isto, é claro, não o impede de se aproximar.


"Estou explorando", disse ele.
"Ah, é?", disse o pequeno menino.
"Sim, já faz quase duas horas."

"Descobriu alguma coisa?", perguntou o menino.
"Quase nada."
"Nada mesmo?"
"Bem, descobri você", disse Bruno após um instante.

A partir deste momento, do encontro desses dois meninos de realidades tão distintas, é que a vida de Bruno muda. Embora tão diferentes, conforme vão conversando diariamente, ambos percebem traços em comum. Com o tempo, vão se tornando grandes amigos, conversando sobre seus sonhos, suas famílias e vidas. A vida de Bruno finalmente começa a ter alegria, mesmo naquele lugar triste.

Bruno ainda não sabe o que Shmuel e as outras pessoas fazem do outro lado da cerca e nem porque ele não pode entrar lá ou qualquer um sair de lá. Só o que sabe é que encontrou um grande amigo, Shmuel, um amigo pra vida toda. E essa amizade, nem a mais trágica situação, nem o fato de estarem separados por uma cerca e de que eles deveriam se odiar irá destruir.

A história escrita por John Boyne é inacreditavelmente marcante. A forma como narra a história e principalmente como consegue descrever o cenário em uma época tão triste da humanidade é sem dúvida alguma excelente. Boyne consegue nos prender a história de forma quase brutal. Nos faz sofrer, chorar e mesmo assim querer continuar a leitura. Nos faz sorrir também, principalmente ao ver a linda amizade que surge entre Bruno e Shmuel, uma amizade que não vê raça ou credo, que não vê diferenças. Apenas duas crianças de 9 anos normais que querem aproveitar a amizade um do outro.

Histórias como a de "O menino do pijama listrado" são atemporais. Não importa a quanto tempo ela tenha sido escrita, ela continuará viva, passando de geração à geração. Histórias como esta não morrem.

Comentários
4 Comentários

4 comentários:

  1. Resenha linda de "O menino do pijama listrado"!!! Eu adoro esse livro, realmente, são as histórias tristes que acabam nos tocando mais, não encontrei nenhum exceção com relação a esse fato, muito pelo contrário, e acredito que o livro seja um desses maiores exemplos. Fico impressionada com a sutileza e a profundidade da narrativa, John Boyne foi impecável na evolução da história e no final temos esse livros maravilhoso *-* Adorei a resenha!! Bjs
    Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Muito obrigada Jéssica! Fico super feliz que tenha gostado :)
      Livros assim são tão... vida </3
      Realmente, esse livro é feito de maneira quase impecável. Já está concorrendo pra ser uma das minhas melhores leituras de 2014. haha
      Beijos linda.

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  2. Eu fujo desse livro há anos, desde que assisti a adaptação cinematográfica e chorei muito! Mas a sua resenha me fez pensar em dar uma chance a ele, pois pelo que julguei, ele não é triste gratuitamente, e sim porque nessa tristeza tem um ensinamento embutido.
    Resenha muito bem escrita, beijos

    http://leitoravintage.blogspot.com.br/

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    1. Eu te entendo Mylane! Eu mesma vivi fugindo deste livro e de todos que fossem assim meio "tristes". Isto até eu ter lido "O caçador de pipas", que aliás é meu livro favorito pra vida toda. Nisso eu aprendi justamente o que você disse, que eles não são só histórias tristes, em vão. Eles ensinam muita coisa legal então vale a pena derramar algumas lágrimas por isso! rs. Então assim que puder, leia.
      Fico feliz que tenha gostado :)
      Beijinhos!

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