Resenha: Para Todos os Garotos que Já Amei

Título Original: To All the Boys i've loved before
Gênero: Romance/Young Adult
Autor: Jenny Han

Páginas: 160

Ano:2015

Editora: Intrínseca

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Nota pessoal: 5/5   

Citação favorita: “Se o amor é como uma possessão, talvez minhas cartas sejam meu exorcismo. As cartas me libertam. Ou pelo menos deveriam.”

Personagem Favorito: Como não amar Lara Jean? Fofa, inteligente, tímida, sonhadora, fiel escudeira... Lara é uma típica adolescente vivendo suas primeiras experiências e sem dúvidas, é aquela amiga que todos nós gostaríamos de ter para desabafar, se divertir ou apenas estar por perto.  

Crítica:

Uma história sobre descobertas e primeiras vezes. Em "Para Todos os Garotos que já Amei", (re)vivemos todas as doçuras e amarguras da melhor fase da vida, a adolescência. É o tempo das mudanças, e junto com Lara Jean, mergulhamos nesse universo tão marcante na vida de qualquer pessoa. Preparados?

A adolescência é, sem dúvidas, uma etapa marcante na vida de todo mundo. É durante ela que fazemos amigos que provavelmente serão pra vida inteira, começamos a ter uma certa autonomia... Um novo mar de possibilidades se abre bem a nossa frente. O tempo das descobertas! Tudo é muito novo, inclusive, a gente mesmo. Não somos mais as crianças que éramos ontem mas também ainda não somos os adultos que seremos amanhã. Tudo começa a mudar. E as responsabilidades? Elas começam a aparecer e isso é, com toda certeza, apavorante e extasiante ao mesmo tempo. E tem a avalanche de sentimentos... Os amores platônicos, os dramas, as inseguranças, as lágrimas derramadas por qualquer coisa... Ah, a adolescência. 

E é esse cenário que encontramos em "Para Todos os Garotos que já Amei" e através dos olhos, ouvidos, coração e vida de Lara Jean, vemos, ouvimos, sentimos e vivemos todas as deliciosas e marcantes experiências que só essa fase da vida tem a oferecer. Acompanhamos seu árduo caminho rumo ao amadurecimento. E já afirmo: Que viagem agradável, engraçada, reflexiva, jovem e doce com um gosto super especial de nostalgia ♥   

Jenny Han junto com sua protagonista, Lara Jean, me fizeram um bem tão grande com essa história que não sei nem por onde começar... Não, o livro não tem grandes lições de vida, momentos dramáticos ou cenas avassaladoras. Nada disso. E talvez seja exatamente por isso que me fez tão bem. Não queria nada com uma grande carga emocional, sabe? O livro me ofereceu e deu exatamente o que eu precisava: uma história leve, romântica, engraçada e apaixonante contada e vivida por uma adolescente. Um pequeno escape da vida adulta na qual mal entrei, mas que já me faz sentir saudade do que passou. O livro foi, sem dúvida, um grande lembrete do meu amadurecimento desta fase até hoje. E caramba, como foi gostoso poder viver tudo isso de novo! Fui transportada novamente para a fase escolar, no ensino médio, e isso foi tão incrível! Tenho lembranças tão boas e felizes dessa época e poder revivê-las foi um grande presente. O engraçado é que antes de ter o livro em mãos, no momento que li a sinopse em um site eu soube que iria amá-lo. Juro, eu fiquei basicamente obcecada por ele. O namorei durante um mês inteiro até que meu melhor amigo me deu de presente de aniversário. E adivinhem qual foi o presente que mais amei ganhar? Bingo! Nunca tinha lido nada da autora e nenhuma história semelhante e falando sinceramente, a um tempo atrás, eu provavelmente nem daria uma chance ao livro por considerar essa uma história "boba". Que bom que os pensamentos mudam e eu também! Para uma aparente história despretensiosa, "Para Todos os Garotos que Já Amei" é uma experiência marcante de um jeito muito particular.

Lara Jean definitivamente não é uma menina tão decidida e forte como sua irmã mais velha, Margot, ou tão audaciosa e destemida como sua irmãzinha, Kity. Ela é apenas... ela. Tímida, meiga, sonhadora. Não pode evitar ser assim, embora sente que se pudesse, se tivesse escolha, seria completamente diferente. Mas tudo bem, afinal as coisas são como de fato deveriam ser, certo? Embora muito diferentes, as três irmãs são muito unidas e de uma maneira inexplicável, se completam. Afinal, elas são as irmãs Song! Depois da morte da mãe, tudo mudou. Amadurecer era preciso e a responsabilidade de nova liderança da casa recai sobre a mais velha delas, Margot. Ela torna-se um pilar indispensável para a família, embora na casa dos Song, todos tivessem seu valor e seu papel de importância. Assim, lideradas por Margot, as irmãs uniram-se ainda mais para juntas cuidarem do pai e das tarefas da casa. 

Tudo caminhava bem até que o momento que Lara Jean mais temia chega: Margot está de malas prontas para Escócia, onde fará faculdade, e agora ela precisará assumir seu posto. Isso não seria problema nenhum se ela não estivesse sentindo-se completamente despreparada e perdida. Como levaria Kity pra escola se morre de medo de dirigir? Como seria a responsável pela comida se só gosta de fazer doces? Como seria um bom exemplo pra sua irmãzinha se não é tão boa assim em nada? Com quem conversaria se Margot era sua melhor amiga? A ida da irmã mais velha à faculdade muda completamente a vida de Jean e da casa dos Song. Não bastasse todos esses desafios, coisas do passado ressurgem em sua vida e prometem deixar sua vida social e amorosa de cabeça para baixo: Misteriosamente todas as cartas de despedida que escreveu para os garotos que tinha amado - cartas onde abria seu coração e seus mais íntimos sentimentos, assim dando um fim ao seu amor nunca antes compartilhado - foram enviadas aos seus destinatários. Logo, um por um, os cinco garotos que Lara Jean amou reaparecem em sua vida e reacendem antigos sentimentos. Garotos magoados, bravos e provavelmente terrivelmente surpresos com tais revelações à esperam e Lara não faz ideia de como sair de tamanha confusão.

Ao contrário do que espera-se da história, a trama central não gira em torno dos amores de Lara Jean, mas sim de todo o caminho que tem de percorrer rumo ao amadurecimento, em todos os aspectos. Com a ausência de sua irmã, Lara se vê completamente sozinha, cheia de novas responsabilidades com as quais precisa lidar mas não sabe como. Precisa superar limites, medos e todos os demais desafios que se opõem contra ela. Lara Jean era completamente dependente de Morgot. De seu apoio, orientação, atenção e cuidado. Agora, não só precisa se virar sozinha como também ser a irmã mais velha exemplar, carismática e atenciosa que Kity precisa e a filha responsável, disciplinada e cuidadora que seu pai necessita. Lara precisa se libertar de tudo o que a prendia: seus medos e vergonhas que a impediam de sair, fazer amigos, falar sobre seus sentimentos... No meio disso tudo, o segredo de uma antiga paixão proibida vem à tona e isso causa problemas de dimensões astronômicas em sua vida. O livro trata disto, do processo de crescimento, como pessoa, de Lara. Ela precisa ser forte e corajosa e é isto que busca ser. Eu simplesmente adorei isso! A vontade com que ela enfrenta as situações e a maneira como a autora retratou todas elas de maneira tão simples, clara e sem clichês! Em mutos momentos, eu era Lara Jean. Pequenos mas importantes desafios diários que iam moldando quem ela queria ser, precisava ser. Acompanhar todo esse processo de redescobrimento pessoal foi uma coisa linda! Vê-la evoluir, a cada passo dado, aprendendo com seus erros e não deixando de tentar foi como ver uma irmã mais nova dar seus primeiros passos rumo ao amadurecimento. Sabe aquele sentimento de orgulho? Então...

“Acho que agora consigo ver a diferença entre amar alguém de longe e amar de perto. (...). O amor é assustador; ele se transforma; ele murcha. Faz parte do risco. Não quero mais ter medo. Quero ser corajosa...”

Outro ponto legal da história é a maneira louca, inesperada e inusitada com que as cartas mexem com a vida de Lara Jean. Com o problema dos meninos e um maior ainda com seu amor secreto do passado, Lara se vê num namoro de mentira com alguém que não tem nada a ver com ela. Os dois são tão diferentes quanto duas pessoas podem ser e embora se conheçam a muito tempo, nenhum dos dois sabem quem se tornaram. Lara o acha um idiota, superficial e insensível. Já ele a acha uma nerd, sem graça e sem qualquer bom humor. A autora assim, através desse inusitado relacionamento, põe em cheque os preconceitos e os esteriótipos criados pela sociedade. Nem sempre o que parece ser, é, e é justamente esse o foco principal dessa relação. Essa, pra mim, foi a grande jogada da autora! Eu adorei a maneira com que os dois acabam fazendo um bem tão grande ao outro, em muitos sentidos. Lidar com alguém que te tira da sua zona de conforto pode doer e incomodar, mas pode ser também a melhor coisa que poderia te acontecer. 

Com tantos ingredientes incríveis, o resultado não poderia ser outro, não é? Temos aqui uma história incrível repleta de muito amor e que vai se arrancar grandes e sinceros sorrisos durante a leitura!

Curiosidades:

JENNY HAN nasceu na Virgínia, Estados Unidos, e cursou mestrado em escrita criativa pela New School. Sabe fazer um brownie perfeito, é ótima em inventar apelidos e tem paixão por livros de receitas. Sua série de TV preferida é Buffy – a caça-vampiros. Mora no Brooklyn, em Nova York. Também é autora dos best sellers "Sem você não é verão", "Sempre teremos o verão", "O verão que mudou a minha vida" e outros.