15 janeiro 2015

Resenha: A cidade do sol

Título Original: A thousand splendid suns
Gênero: Romance
Autor: Khaled Hosseini
Ano: 2007
Editora: Nova fronteira

Compre o seu aqui.

Nota pessoal: 5/5  

Citação favorita: ""Sei que você é pequena, mas quero que ouça bem o que vou lhe dizer e entenda isso desde já", disse ele. "O casamento pode esperar; a educação, não. Você é uma menina inteligentíssima. É mesmo, de verdade. Vai poder ser o que quiser, Laila. Sei disso. E também sei que, quando esta guerra terminar, o Afeganistão vai precisar de você tanto quanto dos seus homens, talvez até mais. Porque uma sociedade não tem qualquer chance de sucesso se as suas mulheres não forem instruídas, Laila. Nenhuma chance "".

Personagem Favorito:  Pela primeira vez não consigo escolher apenas um personagem. Então, contrariando a lógica e as "regras", dessa vez ficarei com dois: Laila e Mariam. É um pouco clichê escolhe-las, mas não há como não assim fazê-lo. As duas se mostram mulheres de muita fibra, raça, fé e caráter. Passam por tantas situações difíceis em suas vidas, vivem numa sociedade tão opressora para com as mulheres e mesmo assim conseguem "sobreviver". São um verdadeiro exemplo.



Crítica:  


Duas mulheres. Duas vidas completamente diferentes. Dois destinos que se cruzam. Uma única realidade que ninguém escolheria para si...


Diz a lenda que não é muito bom criar grandes expectativas antes de ler um livro. Por quê? Bem, as chances de se decepcionar com ele são maiores, dizem algumas pessoas. Tentei, mas não consegui evitar. Tratando-se desse livro, e principalmente desse autor, não havia maneira alguma de não superestimar essa história.  Explico: Sou extremamente apaixonada por Khaled Hosseini, que é o autor do melhor livro que já li em toda minha vida, "O Caçador de Pipas", mas ao mesmo tempo é o autor da minha maior decepção literária, "O silêncio das Montanhas", e por isso, não sabia o que exatamente esperar dele. Confesso que meu lado pessimista chegou a falar mais alto. Felizmente, me enganei, e acredite, nunca estive tão feliz em estar errada. Assim, depois de um longo tempo esperando na prateleira, enfim, tomei coragem, peguei-o e mergulhei de vez na história de Mariam e Laila, tendo como plano de fundo um Afeganistão atormentado por diferenças de ideologias, guerras, mortes e muito sofrimento, mas que em meio a tudo isso é permeado de amor. 


Ao folhear das páginas do livro você não vai encontrar príncipes encantados, nem princesas perfeitas e nem o tão sonhado "felizes para sempre", não. Essa é uma história real, embora seja uma realidade completamente diferente daquela na qual nós vivemos, e justamente por ser tão real e ao mesmo tempo tão distante de nós, essa é sem dúvida alguma uma história especial. O enredo, que é narrado em terceira pessoa, pertence a Mariam e a Laila, mas bem poderia pertencer a mim ou a você, leitora, ou a qualquer outra pessoa do sexo feminino, se tivéssemos nascido no Afeganistão ou em outro país muçulmano. 


Nos primeiros capítulos conhecemos Mariam, uma "Harami", ou seja, uma filha bastarda, fruto de um relacionamento extraconjugal entre seu pai, que é casado com 3 mulheres, e sua mãe, que era empregada da família. Mariam cresceu em uma Kolba, pequeno casebre, no alto de uma colina, afastada de tudo, numa cidade do interior do Afeganistão, juntamente a sua mãe, uma mulher muito amargurada que sempre fez questão de deixar claro o valor que Mariam tinha para seu pai ou a sociedade: Nenhum; E que jamais teria coisas que outras pessoas tinham, como amor, família ou mesmo um lar de verdade. Contudo, nem tudo era tristeza na vida de Mariam. Ela tinha o carinho e o amor do Mulá da aldeia, Habib Khan, por quem detinha grande afeto. Além disso, também recebia visitas semanais de Jalil, seu pai, por quem era completamente apaixonada. Mariam havia à muito se acostumado com a vida que levava, até que quando tinha 15 anos, uma decisão sua muda tudo e as consequências dela permeiam e transformam sua vida para sempre. Agora, com 33 anos, casada com um homem 30 anos mais velho desde a sua adolescência, Mariam sabe como os costumes e a tradições de seu povo podem pesar sobre a vida de uma mulher afegã. Afinal, as pessoas não controlam seus destinos.



Laila é uma menina de 14 anos que mora na capital, Cabul, junto com sua mãe e seu pai. Cresceu ouvindo de seu pai, um professor universitário considerado muito "moderno", que ela poderia ser quem ela quisesse, que deveria se casar com alguém que amasse e que retribuísse seu amor, e que apesar do que os costumes diziam sobre o papel da mulher na sociedade, ela poderia ser alguém importante e fazer a diferença. Sua mãe, alheia a tudo e preocupada com os dois filhos mais velhos que haviam ido à uma batalha longe dali, nem percebia o quanto Laila precisava e desejava ter sua atenção. Apesar disto, ao lado de seu amigo Tariq, Laila tinha uma vida feliz e livre das agarras da tradição ali imposta. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Quando o Afeganistão se vê numa grande guerra civil, onde já não se sabe bem quem são os "heróis", a vida de Laila muda para sempre. E ela, que cresceu e foi educada para ser livre como um beija-flor, se viu presa, como uma pássaro em uma gaiola. 



Assim, quando as duas, Mariam e Laila, se veem unidas pelo destino, casadas com o mesmo homem e dividindo o mesmo teto, com seus sonhos e desejos destruídos, as duas acabam tornando-se improváveis companheiras. Descobrem então que por mais cruel que seja o destino e por mais dura que seja a vida, é possível ter algum alívio, alguma felicidade, mesmo que breve. Dividindo seus medos e anseios, Mariam e Laila descobrem que os laços que as unem são mais fortes que qualquer dor ou sofrimento, e que a vida se torna mais agradável quando se tem alguém que caminhe ao seu lado.


Essa é sem dúvida uma história recheada de aprendizados. É muito interessante ressaltar o conhecimento sobre a vida do povo afegão e muçulmano, seus costumes, tradições e crenças, tão diferentes daquilo que estamos acostumados. Para mim, que não conheço muito sobre o assunto, foi realmente enriquecedor saber como é a vida de muitas pessoas, do outro lado do planeta. Há também lições importantes sobre amor, esperança, amizade e fé. Sobre como devemos lutar por aquilo que acreditamos, sobre como as vezes é preciso fazermos sacrifícios pelas pessoas que amamos. 

Essa é uma história transformadora, emocionante e inesquecível. Estar na pele de Mariam e Laila, mesmo que por alguns momentos, é algo capaz de mudar a forma como vemos muitas coisas, algo capaz de nos fazer enxergar o quão gratos deveríamos ser por nossa liberdade, em todos os sentidos. E mais do que isso, esse livro nos ensina que homens ou mulheres, independentemente de cor, raça ou credo, merecem e tem o direito à felicidade e que devemos sempre ir em busca dela, afinal, o sol brilha para todos. 


Uma história de superação, amor e muita luta. "A cidade do sol" vai te fazer sorrir, chorar e no final de tudo, compreender que por mais que não tenhamos total controle sobre nossos destinos, ainda assim, podemos encontrar a felicidade.


 Curiosidades:

Khaled Hosseini (Cabul, 4 de março de 1965) é um romancista e médico afegão, com naturalização estadunidense. É o autor do romance best-seller, The Kite Runner ("O Caçador de Pipas").
Hosseini nasceu em Cabul, no Afeganistão. Seu pai trabalhava como diplomata, e quando ele tinha 11 anos, a família se mudou para a França, quatro anos mais tarde, pediu asilo nos Estados Unidos.
Todos os três de seus romances se tornaram best-sellers, com "O caçador de pipas", que passou 101 semanas na lista de bestsellers. Em 2007, foi seguido por "A cidade do sol", que passou 21 semanas na lista do New York Times Best Seller de ficção. Os dois romances já venderam mais de 38 milhões de cópias internacionalmente. Seu mais novo livro é "O silêncio das montanhas". 


 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...