28 janeiro 2015

Resenha: O doador de memórias

Título Original: The Giver
Gênero: Fantasia/Ficção Científica
Autor: Lois Lowry
Ano: 2009
Editora: Arqueiro

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Nota pessoal: 4/5  

Citação favorita: "Gostei do sentimento do amor - Confessou. Em seguida, olhou rapidamente para o auto-falante na parede, nervoso, certificando-se de que ninguém estaria escutando. - Gostaria que ainda tivéssemos isso - murmurou.[...]".

Personagem Favorito:  Jonas. Além de destemido e corajoso, Jonas é um bom amigo, irmão e filho, mas principalmente, o que o faz se destacar na história é o fato dele não exitar quando sabe que é preciso agir, independentemente das consequências ele vai em busca da verdade e de fazer aquilo que é o certo, o melhor para todos.


Crítica:

Um mundo onde as palavras tristeza, medo ou pobreza não existem no dicionário e nada significam para a sociedade. O mesmo destino tem uma outra palavra muito conhecida: amor. Vale a pena viver num lugar onde o amor não exista?

 

Nunca um gênero literário esteve tão "na moda" quanto o distópico está nos dias de hoje. Diferentemente dos outros gêneros, a distopia tem como principal propósito fomentar críticas, a fim de que nós, leitores, possamos refletir sobre elas, e acho que essa é uma das coisas que mais me encantam nela. Meu contato com livros distópicos é recente. Em 2011 li meu primeiro livro distópico, que hoje é um fenômeno mundial: Jogos Vorazes. Depois disso, muitos outros vieram. Até que um dia, navegando na internet, descobri sobre um livro chamado "O Doador", que seria adaptado para o cinema no mesmo ano com o nome de "O doador de memórias". Pronto, bastou ler o título para me interessar por mais esse atraente mundo distópico, que prometia me ensinar muitas lições importantes, e que como prometeu, assim cumpriu.   







"O doador de memórias" nos apresenta a uma sociedade futurística localizada em uma pequena cidade nos Estados Unidos, onde através da tecnologia eles conseguiram erradicar maus que causaram grandes danos a população em tempos passados. Lá, a vida é perfeita. Todos tem direito e acesso a emprego, moradia, saúde, educação e lazer de primeira qualidade. Mais do que isso, nessa pequena cidade não existem desigualdades sociais, guerras, desastres. O ódio, o desprezo, o medo e a dor são coisas que não fazem parte do vocabulário. Ter uma vida perfeita, entretanto, custa mais caro do que as pessoas possam imaginar. E é isso que Jonas, um menino de 12 anos, descobre depois de passar pela cerimônia onde as profissões são designadas a cada um, e é lá que ele recebe a sua: A de guardião.


 Nessa sociedade, coisas como o amor, felicidade, sonhos e desejos também não fazem sentido algum. Não existem cores e cheiros. As emoções, o que nos fazem humanos, não existem. Lá, tudo é pré decidido pelas autoridades, a fim de que a ordem e a paz sejam mantidas. Quando você vai nascer e morrer, de qual família fará parte, qual será o seu emprego, quando e com quem irá se casar, e mais importante do que isso, lá, apenas o presente basta. Nenhum membro da sociedade conhece o passado, histórias e memórias de tempos atrás, porque tudo foi apagado de suas lembranças. Exceto por uma única pessoa, o guardião, que tem como função guardar todas essas informações para si, a fim de "proteger" a população e auxiliar as autoridades para que erros do passado não venham a ser cometidos novamente. Mas a que custo vale viver uma vida sem memórias e sem tudo o que nos torna... nós?



Essa é a pergunta que Jonas faz a si mesmo depois de começar seu treinamento com o velho Doador, um homem solitário e de olhar distante, que tem a responsabilidade de lhe passar tudo aquilo que sabe. Aos poucos, o doador vai dando a ele coisas das quais Jonas nem sabia que sentia falta: Lembranças de momentos de amor entre família, da sensação da chuva ao tocar a pele, do sol aquecendo o corpo, da felicidade que vem com o nascimento de uma criança. Com isso, entretanto, vem também lembranças de momentos de dor, fome, desespero, guerra. Jonas, aos poucos, começa a perceber que muita coisa foi tirada dele e do resto da população, e começa a questionar se o que eles tem ali realmente é uma vida, se vale a pena, porque uma vez que seus olhos se abriram, ele sente que jamais poderá voltar a ser o mesmo. Enquanto reflete sobre isso, ele precisa tomar a decisão entre continuar as coisas da maneira em que estão ou mudar a vida daquela pequena comunidade para sempre. A resposta, Jonas precisará encontrar num lugar que ele pouco conhecia: No coração. 


Esse foi um dos livros que mais me fez refletir nos últimos tempos. Acho muito interessante o debate que ele nos propõe, que é: Será que para ter uma vida sem tudo aquilo que torna ela difícil, uma vida "perfeita", valeria a pena perder também tudo aquilo que nos da motivação para viver? 

Essa é sem dúvida uma pergunta interessante e que nos faz pensar no sentido da vida, como um todo. A meu ver, a principal lição é a de que vale a pena enfrentar momentos de tristeza, dor e sofrimento para que tenhamos momentos de alegria, amor, solidariedade e compaixão. E essa é uma outra ideia que o livro nos trás: A de que a vida é como uma balança, que precisa estar em equilíbrio. Sendo assim, para que todas as coisas boas existam, as coisas ruins também precisam existir. 

Um outro ponto super positivo do livro é a forma como a autora nos faz sentir tudo aquilo que Jonas está sentindo ao descobrir todo um "mundo" novo, através das memórias. É lindo de ler e é quase impossível não se emocionar. Quando ele começa a ver tudo em cores, cheiros e características peculiares, nós, leitores, lembramos das coisas lindas que temos ao nosso redor e do privilégio de poder aproveita-las. E esse, pra mim, é o maior legado do livro. O final, embora de certa forma tenha me desagradado um pouco, é bom, mas deixa algumas coisas em aberto. No mais, é um livro de leitura fácil, história agradável e personagens bem construídos. Vale muito se aventurar por mais esse mundo distópico e descobrir que no final das contas o amor faz todo o resto valer a pena.


Em um mundo distópico onde a aparente perfeição é tudo o que importa, você vai perceber que a vida é muito melhor cheia de imperfeições. 


  Curiosidades:

Com mais de 30 livros publicados, a americana Lois Lowry já recebeu diversos prêmios por sua obra, como o Boston Globe-Horn BOOK, o Dorothy Canfield Fisher, o Mark Twain e a Medalha John Newbery, concedida pela Association for Libray Service to Children, pelos livros Numbers the Stars e O Doador.































Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Oi Tatiane!
    De fato, distopias estão muito em voga. É um ótimo gênero, mas com essa proliferação a tendência é que as tramas comecem a ficar repetitivas, né? Minha última experiência com o gênero fi bem negativa ("A Vida como ela era").
    "O Doador de Memórias" não me despertou o interesse, mas não duvido que gere questionamentos interessantes. Os melhores livros são aqueles que nos fazem sentir o que os personagens sentem.
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

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    1. Oi Mariana! Pois é, o gênero distópico tem tido bastante foco nos últimos tempos, e cho que o lado positivo disso ainda é um pouquinho maior que o negativo. De qualquer maneira, como você bem ressaltou, as melhores histórias são sempre aquelas que nos faz parte dela e nos inspiram. Obrigada pela visita! Grande beijo :)

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